sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um ensaio sobre "As análises sociais e os prognósticos sobre a sustentabilidade”

Maurício Figueirêdo

Neste ensaio faremos uma rápida analise histórica e social do pensamento do desenvolvimento, do progresso e do meio ambiente para buscar entender o que vem a ser sustentabilidade e vislumbrar um futuro mais equilibrado entre o Homem e o Planeta, a Natureza.

Desde que o se tem noticia do Homem sobre o planeta Terra que ele explora indiscriminadamente a natureza, o meio ambiente considerando que esse mundo e essa Natureza era algo infinito criando assim um dos “três pressupostos, vetores fundamentais para a minha análise sobre o processo de desenvolvimento na sociedade moderna” (Duarte, 1998),

O primeiro é que a modernidade criou seus mitos – o mito da natureza infinita, o mito do progresso e do crescimento ilimitado, o mito da igualdade socioeconômica e do sucesso garantido nos grandes centros urbanos ditos desenvolvidos e o mito da neutralidade e da superioridade da ciência e tecnologia, entre outros; e, com base neles, edificou suas práticas sociais e cultivou o terreno para suas próprias crises e contradições – a crise societal e ecológica, a perda da identidade cultural, o desenraizamento progressivo dos modos de vida e das representações sociais locais e, principalmente, o estranhamento do homem com a natureza.

Assim, Duarte (2002), aponta para as dificuldades do entendimento humano de que a natureza não é infinita e de que temos que conseguir realizar profundas mudanças na cultura da sociedade “consumista” moderna para desfazer o tal estranhamento homem – natureza.

Em um primeiro momento Koselleck (2006) realiza uma análise sobre as interpretações do passado para entender o futuro de forma muito inusitada, utilizando um quadro intitulado “A batalha de Alexandre” pintado sobre encomenda do duque Guilherme IV da Baviera em 1528 por Albrecht Altdorfer. Koselleck em seu passeio diz que a história é uma construção por meio da apropriação de uma ideia alheia, ou seja, de que se constrói um futuro utilizando as ideias passadas com as devidas agregações da evolução do conhecimento humano por meio de novas descobertas, possibilitando quebra de paradigmas.

Pois devemos considerar duas coisas básicas: a primeira de que o desejo de um futuro melhor faz com que abandonemos de forma errônea o passado e a segunda que quanto menor a experiência de vida maior a expectativa de conquistas, ou seja, uma criança tem mais expectativas, ideias, devido a não possuir limites impostos pela sociedade, pelo conhecimento humano, pela cultura, enfim, pela sua experiência de vida.

SEN (2000) aponta a ideia do desenvolvimento com um fator de libertação contrastando com a ideia de desenvolvimento como sinônimo de crescimento. Colocando ainda, que para o desenvolvimento é necessário uma erradicação de privações políticas e sociais como a pobreza e a participação política. Ainda segundo SEM (2000) é necessário a liberdade como prioridade no processo de desenvolvimento por duas razões: Razão avaliatória, considerando que houve um aumento das liberdades das pessoas; e Razão da Eficácia, considerando a livre condição de agente das pessoas.

Em seguida ROSSI (2000), faz uma viagem sobre o pensamento filosófico de Francis Bacon em “Naufrágio sem expectadores” para de forma irônica, “debochar” de “filósofos” de plantão que filosofam sem um conhecimento aprofundado. Ele prega uma democratização do poder para o progresso verdadeiramente dito, citando ainda o posicionamento cíclico das ideias e não linear como alguns colocam. Ou seja, busque o futuro sem esquecer os ensinamentos do passado.

A questão ambiental ganhou força e destaque verdadeiramente no cenário mundial, sendo pauta de debates, a partir dos anos 60, mas é precisamente em 1968 quando acontece a reunião do clube de Roma que inicia-se um debate mais fervoroso gerando posições radicais polarizadas entre a corrente do crescimento a qualquer custo e a corrente da estagnação, ou seja, do crescimento zero. Esse debate continua chegando a década de 1970 quando resulta na Organização das Nações Unidas – ONU organizando a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente em Estocolmo na Suécia em 1972.

Durante a conferência de Estocolmo fica definido Ecodesenvolvimento como conceito de desenvolvimento com respeito ao meio ambiente, conceito este aceito parcialmente por quase 20 anos, até ser substituído no relatório de Brundtland, em 1986, pelo conceito que vigora até hoje de Desenvolvimento Sustentável. Ignacy Sachs (2000) coloca como tripé desse Desenvolvimento Sustentável o: ambientalmente correto, o socialmente justo e economicamente viável.

Escobar (1997) coloca questões antropológicas para a ideia do desenvolvimento, principalmente o debate entre teoria e que ela vem perdendo força por questões e pressões sociais por demostrar incapacidade de cumprir suas promessas de melhora e igualdade para todos, quando nos deparamos apenas com desigualdades sociais cada vez mais acentuadas.

O próprio conceito de desenvolvimento sustentável ainda é insustentado pelas correntes que divergem em seu próprio conceito de que se é desenvolvimento não é sustentável pois busca um crescimento e se é sustentado não pode haver desenvolvimento; e a outra que defende que o conceito já é definido por si só e em si mesmo.

Vejo nessa questão de desenvolvimento sustentável uma ainda nuvem de poeira muito densa a qual ainda devemos continuar pesquisando e debatendo exaustivamente sobre o tema para vislumbrar um futuro cada vez melhor e mais consciente para todos observando as premissas do: ambientalmente correto, do socialmente justo e do economicamente viável para atingirmos um equilíbrio necessário sem radicalismos ou condescendência.


REFERÊNCIAS

DUARTE L.M.G. & THEODORO S.H., ORGS. (2002) Dilemas do Cerrado – entre o ecologicamente (in)correto e o socialmente (in)justo. Garamond, Rio de Janeiro, 11p.
ESCOBAR, Arturo. Antropología y Desarrollo. Revista Internacional de Ciencias Sociales, vol. 154, 1997. 56 fls. Disponível em: http://www.unc.edu/~aescobar/text/esp/escobar.1997.AntroDeso.pdf
GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991
KOSELLECK, Reinhart. Passado Futuro: Contribuição à Semântica dos Tempos Históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/PUC, 2006, pp. 21 a 39 e 305 a 327.
ROSSI, Paolo. Naufrágios sem espectador: a ideia de progresso. São Paulo: UNESP, 2000.
SACHS I. (2000) Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável. Coleção Ideias Sustentáveis. Garamond.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2010, (Introdução e cap. 2).

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